“Eu rogo às queridas e poderosas crianças que se juntem à mim na construção da Paz e de um Novo Mundo para os Homens”
Inscrição no jazigo de Maria Montessori na Holanda.
Quem foi Maria Montessori?

uma menina obstinada
Maria Montessori nasceu em Chiaravalle, Itália no dia 31 de Agosto de 1870 destinada a fugir das convenções sociais e expectativas para as mulheres da sua época. O seu pai era funcionário público e a sua mãe era uma mulher bastante culta e que prezava a educação, o que não era o padrão na sociedade italiana da altura.
Desde sempre a pequena Maria foi uma aluna brilhante e aos 13 anos ingressou numa escola técnica para rapazes, com o intuito de tornar-se engenheira. O curso da sua curiosidade tomou outro rumo e por fim, decidiu tornar-se médica, mas a sua admissão na Faculdade de Medicina não foi aceite num primeiro momento.
Quando finalmente conseguiu ingressar na Faculdade os estudos não lhe eram facilitados com o pretexto de que uma mulher não podia ver corpos nus na presença de outros homens, por isso Maria tinha que estudar anatomia após o horário das aulas, com uma acompanhante. Até a sua especialização na área da psiquiatria foi considerada escandalosa, no entanto Maria formou-se com mérito e assegurou uma posição no serviço de emergência pediátrica adquirindo experiência clínica em pediatria entre 1894 e 1896.
A seguir foi apontada médica assistente em cirurgia no hospital Santo Spirito em Roma e aí o seu interesse pelas crianças desfavorecidas dos bairros mais pobres de Roma começou tornar-se cada vez mais o foco do seu trabalho, que moldaria a sua carreira e revolucionaria as práticas pedagógicas para sempre.
nasce uma nova abordagem
Após visitar instituições onde se tratavam crianças portadoras de deficiências, verificou que estas eram muitas vezes submetidas à privação sensorial, iniciou uma investigação tendo por base o trabalho de Jean-Marc Itard e Edouard Seguin. A sua investigação trouxe-lhe reconhecimento e proeminência no meio académico e, em 1901, deixa o seu cargo como médica assistente e volta à Universidade de Roma para estudar Psicologia e Filosofia. Ainda na Universidade de Roma chefiou o departamento de Antropologia de 1904 a 1908.
Em 1907, ainda durante o seu cargo na Universidade, teve oportunidade de abraçar um novo desafio: abrir uma escola para crianças desfavorecidas do bairro de San Lorenzo, um dos mais problemáticos de Roma naquele tempo.
As crianças tinham entre 3 e 7 anos e eram filhas de trabalhadores que ausentavam-se por longos turnos e não tinham onde deixar as crianças, que ficavam a causar distúrbios e vandalizar a cidade, inicialmente as crianças eram indisciplinadas e rebeldes.
Maria Montessori recorreu à sua experiência trabalhando com crianças com atrasos no desenvolvimento, utilizando alguns materiais que já possuia e um aguçado sentido de curiosidade científica, afinal de contas ela era uma cientista.
Começou por ensinar noções básicas de higiene e cuidado pessoal e com o meio, naquilo que evoluiria para o que conhecemos como exercícios preliminares de Vida Prática. A medida que as crianças desenvolviam o seu senso de dignidade humana e transformavam o seu ambiente, outrora degradado, sujo e pouco atrativo, a sua saúde e gosto pelo conhecimento começaram a aflorar.
Passados apenas um par de anos o que foi cunhado o Método Montessori começou a ganhar notoriedade, pois as crianças que antes mostravam-se desobedientes agora demonstravam uma grande capacidade de concentração e auto-disciplina. A sua capacidade de aprendizagem superou todas as expectativas, inclusive a da própria Maria Montessori e sua equipa de guias, formadas por ela. A observação científica que praticava tornou-se uma prática basilar em toda a sua obra e não deixava dúvidas: as melhores características da criança revelam-se através do trabalho.
Nas suas escolas as crianças eram livres para escolher com o que queriam trabalhar e faziam-no sem serem interrompidas, pelo tempo e quantas vezes desejassem.
criança - a construtora da Humanidade
Precisamos de relembrar que naquela altura as crianças e as mulheres tinham muito poucos direitos. Maria Montessori foi, desde sempre, uma activista pelo reconhecimento da criança enquanto indivíduo e cidadão. Dar liberdade e voz às crianças era quase tão chocante quanto uma mulher formar-se em medicina.
Maria Montessori, através do seu trabalho de observação científica, vislumbrou o imenso potencial da criança e manteve sempre a fé de que se tal poder fosse cultivado e orientado na direção do desenvolvimento natural durante a infância todos os problemas da humanidade poderiam ser sanados.
Dedicou a sua vida a estudar a mente infantil e disseminar uma mensagem de esperança nas capacidades das crianças. Mensagem esta que nos inspira até os dias de hoje a implementar a sua visão para que as crianças possam cumprir o seu papel cósmico, para que sejam os arquitetos da sua própria personalidade e de um mundo Novo, onde os traumas do passado possam ser ressignificados e os homens possam elevar a sua existência a um próximo nível, com harmonia, interdependência e sustentabilidade.